domingo, 23 de janeiro de 2011

Entrevista para PALAVRA FIANDEIRA de Marciano Vasques

PALAVRA FIANDEIRA
REVISTA LITERÁRIA
REVISTA DIGITAL DE LITERATURA
ANO 2 — Nº 52 — 24 JANEIRO/2011


NESTA EDIÇÃO:
GILBERTO MARCHI


Francisco Marins e Gilberto Marchi

1. Quem é Gilberto Marchi?
— Desde pequeno sempre gostei de desenhar e tocar piano. Meu 1º desenho foi com 3 anos de idade. Iniciei meus estudos de desenho e pintura com José Roncoleto (Lubra), em 1963. A partir de 1964, comecei a trabalhar para a Galeria de arte André. De 1970 a 1976 lecionei desenho e pintura na Escola Panamericana de Arte. Foi lá que tive mais contato com o universo da ilustração. Indicado por Mario Tabarin, fui à Editora Abril, para ilustrar para a revista Exame e acabei por tabela, ilustrando para a revista Realidade. Daí em diante, não parei mais e ilustrei para quase todas as revistas da Abril.

2. Completa 37 anos como ilustrador. É uma trajetória exemplar. Tem a lembrança da primeira ilustração que realizou profissionalmente?
— Sim, chamou-se “A revolução dos cravos”. Foi para a Realidade, tendo como tema a queda do governo de Salazar, em Portugal.

3. Já realizou capas de revistas, como a Revista Época Nº 747. Qual é a sua sensação ao saber que uma capa com a sua arte estará nas bancas, exposta para milhares de olhares?


— A sensação é a de ter feito algo que pode mexer com as pessoas. Você deixou de ser um desconhecido.

4. Orgulha-se de ter ilustrado a capa de um livro do escritor Francisco Marins. Fale-nos sobre esse trabalho.


— Sim, pois foi um escritor que sempre admirei. O livro chama-se Clarão na Serra e a ilustração foi realizada com guache.

5. Tem originais na galeria da Editora Nacional/IBEP. Pode nos contar sobre isso?
— Fiz muitos desenhos para livros de português e história do IBEP na década de 70. Além disso, fiz capas para os livros de Ciências.

6. Realiza cursos para jovens com vocação artística. Poderia, por favor, nos falar desses cursos?

— Tenho alunos em vários níveis. Vários já são profissionais. Leciono desenho, pintura e técnicas variadas, desde o lápis de cor à pintura a óleo. Para quem se interessar, os detalhes estão no meu blog:
http://gilbertomarchi.blogspot.com

7. Já produziu capas de disco de vinil, o clássico Long Play. Conte-nos sobre essa experiência...
— Fiz duas capas. A primeira foi para um disco de “dancing” e outra para um disco de “Clássicos dos clássicos”.

8. Já teve capa de livro premiada. Poderia nos dizer, quais livros, para quais editoras, e os prêmios? Ou pelo menos uma dessas premiações?

— No MASP , numa das exposições da CIB- Clube de Ilustradores do Brasil - fui premiado com ouro pela capa do livro de bolso “O Médico e Monstro”da Editora EDIBOLSO. Tenho vários prêmios de ouro, prata e menções honrosas, tanto como pintor e como ilustrador.

9. Está presente com a sua arte na vida das coisas que são, e as pessoas, eventualmente, nem se dão conta. Já ilustrou até embalagens. Fale, por gentileza, sobre esse trabalho.

— O ilustrador muitas vezes está presente na casa das pessoas, nos produtos que elas consomem e raramente elas sabem quem fez as imagens impressas nas embalagens, salvo quando nos permitem assinar.
Eu ainda posso me orgulhar pelo fato de clientes terem pedido para que eu assinasse, pois minha assinatura valorizaria o seu produto. Uma delas foi a embalagem de lata do Café Itamarati.

10. Já fez ilustração para a revista PLAYBOY. Pode satisfazer a curiosidade de PALAVRA FIANDEIRA?
— Já fiz muitas! Entre elas duas artes para o conto de Truman Capote” O Assassino que mandava presentes”. Fui por duas vezes indicado para o Premio Abril de Ilustração.

11. Seu histórico é amplo. Já realizou ilustração para o antigo CÍRCULO DO LIVRO. Pode nos dizer algo sobre isso?
— Fiz várias artes, entre elas o retrato de Monteiro Lobato.

12. Já fez trabalho artístico para a geladeira Consul. Pode nos revelar isso? Como aconteceu o convite, qual a técnica utilizada, etc...

— Esse foi uma série de artes bem divertidas. Uma delas era uma pescada branca dentro de bloco de gelo. Foram tantas artes que fiz, que um dia folheando uma revista Claudia, demorei para lembrar que aquela arte era minha. Nessa mesma série, fiz uma arte de forma de cubo, com frutas e legumes compactados.

13. Alguns de seus trabalhos são deveras curiosos. O que é Monanelore?
— É a imagem da Monalisa, mas como uma vaca Nelore , para a Associação Gado Nelore.

14. Tem uma sólida parceria com a escritora Regina Sormani, sua esposa, e escritora de Literatura Infantil. Poderia nos contar como teve início essa parceria? Qual o primeiro livro dela que ilustrou?

— Foram dois livros :” A Borboleta Bela e a Rosa Amarela” e “ Vovó e os Periquitos”, lançados pelas Paulinas. Juntos temos mais de 20 livros.

15. Aproveite e nos revele alguns títulos de Literatura Infantil que ilustrou, de autoria de Regina Sormani e de outros autores. Tem um que lhe deu um prazer especial?
— Gosto de vários, mas o que mais gostei de ilustrar foi o livro de poesias Rebenta Pipoca, da Pioneira. Nunca ilustrei para outros escritores de livros infantis. Apenas didáticos.

16. Tem trabalhos realizados com personagens folclóricos das florestas brasileiras. Pode nos contar sobre essas encomendas?
— Tenho telas com temas folclóricos que foram adquiridas por particulares. Uma delas foi o Curupira que está na coleção de um funcionário da Revista da Indústria- Fiesp.

17. Atuou artisticamente até para projetos imobiliários. Poderia nos expor verbalmente um desses trabalhos, nos contar sobre ele?
— Realizei várias artes de edifícios e casas de alto padrão para as construtoras Godói e Inpar. São artes em aquarela, pastel seco, pastel oleoso,acrílico e lápis de cor.


18. Já ilustrou para livros didáticos, certamente. Pode nos falar sobre uma dessas criações?
— Para o Ibep, fiz perto de 400 artes para uma coleção de português da 1ª a 4ª séries.
19. Uma curiosidade latente: Já fez capas de gibis?
— Ainda não , mas pretendo fazer em breve e não só a capa.

20. Como encara o prêmio na carreira de um artista ilustrador?
— Como na carreira de qualquer profissional. O prêmio é um incentivo para seguir em frente.

21. Tem uma atuação discreta, mas um talento imenso. Acredita que a badalação não seja absolutamente necessária?
— Prefiro que o trabalho fale por mim. Em geral a badalação é mais para “artistas” plásticos.

22. Participou do I Encontro de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, em São Paulo. Como avalia a importância de Associações de Escritores e também Artistas ilustradores no Brasil?

— Foi na Livraria Cortez. Fiz uma oficina de aquarela. Temos dois livros lá. As associações são importantes para unir as classes e os profissionais.

23. Ilustrou para a Paulinas livros com temáticas ecológicas, como "A Baleia Azul".
— Sim. Foi um livro de colagem, lançado em conjunto com outros dois: Mico Leão Dourado e Panda Gigante.

24. Literatura Infantil é só para crianças?
— Depende. Há muitos livros infantis e infanto-juvenis que são também para o público adulto.

25 O que foi ou o que é o ILUSTRA BRASIL?

— O “Ilustrabrasil! “, é o nome das exposições anuais da SIB- Sociedade dos Ilustradores do Brasil, da qual sou conselheiro. Já fizemos 7.

26. Resumidamente, quais os problemas que mais afligem o ilustrador no Brasil?
— Concorrência desleal, problemas com direitos autorais, clientes burros, o governo comendo a nossa perna com impostos.

27. Que palavras e mensagem deixaria aos futuros artistas e também aos leitores de PALAVRA FIANDEIRA?
— Aos futuros artistas, que aprendam a desenhar, pintar e a não se contentar com pouco. Para a PALAVRA FIANDEIRA, agradeço a oportunidade de participar desta entrevista.
Um abraço do Gilberto Marchi




PALAVRA FIANDEIRA —
Fundada pelo escritor Marciano Vasques